COMO TIRAR O DINHEIRO DO LIXO
COMO TIRAR O DINHEIRO DO LIXO
Impostos verdes, capazes de onerar ou premiar empresas conforme seu impacto sobre o planeta são realidade em dezenas de países. Mas, no Brasil mergulhado em crise, é difícil inventar novas taxas, segundo participantes do fórum realizado pela “Folha”.
O desfio é encontrar outras maneiras de inibir a destruição dos recursos naturais, como adaptação de tributos já existentes e a criação de comércios ambientais nos moldes do mercado de credito de carbono.
PLASTICO
Transformada em vilã nos últimos anos devido a sua onipresença em forma de poluição, a cadeia do plástico agora tenta se redimir.
Alem de ações para reduzir o consumo e aumentar a reciclagem, o esforço inclui iniciativas que dão nova vida ao plástico que virou lixo.
Depois de descartado, 79% do material vão parar em aterros ou no meio ambiente. Mais de 8 milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos todos os anos.O problema ambiental levou a ONU a declarar uma “guerra” para reverter o quadro.
O chamado repercute no setor privado. Em junho ultimo, a marca Seda, da Unilever, passou a usar plástico reciclado em suas embalagens. Mas a reinserção na linha de produção, por enquanto é pouco difundida e usada. A opção se restringe a estratégias de poucas, e grandes, companhias, como a Unilever.
A alemã Adidas integra o pequeno grupo que reutiliza plástico recolhido dos oceanos. Em parceria com a ONG Parley for the Oceans, lançou em 2017 seu primeiro tênis feito com 95% de plástico reaproveitado.
Quando se considera a quantidade de lixo que boia pelos mares, no entanto, essas iniciativas são avaliadas como tímidas.
*Para começar a resolver o problema, teríamos que ter um projeto envolvendo todos os segmentos privados e públicos.
As empresas querendo usar o reciclado, pessoas comprando e políticas de remuneração para o material recolhido.
No Brasil, as recicladoras aguardam esse momento. São cerca de mil empresas que tem condições de trabalhar mais. Existe capacidade ociosa nas recicladoras.
O desafio é entregar plástico reciclado em maior quantidade e qualidade, e atingir grandes clientes.
Leia também:
Entenda a coleta seletiva
Reciclagem do plastico, perigo eminente?
COMO TIRAR O DINHEIRO DO LIXO
SELO de CERTIFICAÇÃO
Reciclagem de embalagens
Uma das alternativas ao desenvolvimento de programas de reciclagem que vem crescendo no setor de embalagens é o sistema de compensação com a emissão de certificados, semelhantes ao de credito de carbono.
Com ele, as empresas terceirizam a obrigação de recolher as embalagens que colocam no mercado para cooperativas de catadores, com a medição de uma certificadora.
Os certificados são baseados em notas fiscais, que indicam que os materiais pós-consumo foram comprados pelas recicladoras.
O selo Eureciclo é uma dessas certificadoras, criada em outubro de 2016. Por meio de pacotes de credito anuais, separados por tipo de resíduo, o selo vende para as empresas a certeza de que as cooperativas retiraram do ambiente a quantidade de embalagens necessária.
LICENÇA AMBIENTAL
Regulador
As empresas do estado de São Paulo que usam embalagens têm de apresentar comprovação de reciclagem desses materiais para obter licenças de manutenção e implantação de novas atividades.
Essa é a regulamentação estadual da diretriz de logística reversa da PNRS, aprovada em 2010.
O acordo foi firmado com cerca de 200 empresas de alimentos, bebidas e brinquedos, a Secretaria do meio Ambiente e a Cetesb,órgão ambiental do estado,em maio de 2018.A Cetesb é a fiscalizadora do processo.
A regra estadual incorpora as metas já estabelecidas para embalagens no acordo setorial: este ano, deve recolher 22% do que foi produzido. Para o período de 2019 a 2021, a meta ainda não foi definida pelo setor de embalagens.
Os prazos para a adequação das empresas a essa regra que vincula licença ambiental a comprovação de logística reversa dependem do tamanho das instalações das empresas. Até outubro deste ano, vale para aquelas que têm área construída acima de 10 mil metros quadrados. O prazo é março de 2019 para empreendimentos com área construída acima de mil metros quadrados e até 2021 para todos os empreendimentos sujeitos ao licenciamento ordinário.
São Paulo é o estado em que a normatização do acordo setorial das embalagens esta mais avançada.
Um dos pontos negativos para o desenvolvimento da reciclagem no país é que são as empresas produtoras que definem as metas e os cronogramas para atingi-las.